quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

[CAPÍTULO 2] ~ Eu não sou necessário




Mesmo sem muito querer, tomei meu café da manhã, fui pro inferno que chamavam de escola. Tiffany estava agarrada no seu namorado, Dave. Que não parecia realmente gostar dela. Eu sempre notei algo de estranho nele. Ele parecia, ser... perfeito pra ela. Não, eu não gostava dele. Eu tinha outra pessoa em mente. Mas, como sabia que não rolaria... eu prefiro nem pensar nele. Eu só tinha dois amigos de verdade naquele lugar horrível. Encontrei a Jenny e o Felipe alguns metros depois do enorme portão de entrada. Jenny tinha cabelos perfeitamente lindos e levemente ondulados, e um sorriso que era indescritível. Felipe, ou Lipe como eu o chamava, tinha cabelos loiros e olhos azuis que se assemelhavam a cor do oceano. Poderia ficar horas só olhando nos seus olhos que nunca iria me cansar. Eles eram as pessoas nas quais eu podia confiar. E segundo as histórias de minha mãe, não são todos que tem a sorte que eu tenho de ter pessoas como eles. Mas, todos têm o azar de ter uma Tiffany no caminho.
Dei um beijo na bochecha da Jenny, e um abraço no Lipe.  Para outras pessoas, era esquisito, mas para mim, não tinha nada demais cumprimentar Lipe com um abraço. Somos amigos, APENAS amigos. 
Era segunda, e não os via desde o final de semana. E comecei a ver além do que eles tinham na aparência. Vi uma alma pura que todos desejariam: uma energia tão limpa que nada poderia abalar, uma suavidade que nem a seda tinha. Senti-me estranha por analisar isso, mas, relevei.  Jenny começou a falar:
- Como foi o final de semana?
- Foi bom, não fiz nada demais, como de costume. – respondi – e o de vocês ?
- O meu foi péssimo, nunca me senti tão desnecessário na vida de uma pessoa como me senti nesse final de semana. – disse Lipe –
- Desnecessário? – perguntei espantada - na vida de que pessoa? Com certeza uma muito burra.
- Meu irmão, teve um surto de “ eu não me importo com vocês, e quero que vocês se fodam “.  Ele nunca tinha feito isso. Ele falou muita coisa que me apavorou, ou me deixou no mínimo muito pensativo. Eu não devo ser necessário na vida de ninguém. Abandonaram-me uma vez. Agora estão fazendo de novo. – Lipe também era adotado. Mas sua família biológica sempre batia nele. E chegaram a jogá-lo do terceiro andar do prédio. Até que a justiça intervir. –
- Lipe, juro que se você repetir uma besteira dessas, não sei do que sou capaz de fazer. Você é o menino mais necessário de todos. Você sempre está lá quando agente precisa, e sempre abre seu coração, e nunca deixa ninguém de lado. Foi a primeira pessoa que se importou comigo, e me ajudou. Sou eternamente grata a você. Você é necessário para mim.


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